Concurso Correntes de escrita
Menção honrosa
Os
alunos da turma 4ºB, da Escola básica / Jardim de infância de Bela Vista, foram galardoados no
concurso “Correntes de escrita”, com uma menção honrosa em razão da qualidade
do trabalho por si elaborado, e intitulado “Snowman”. O texto galardoado, é, em seguida, apresentado.
Snowman
No alto da serra, havia uma casa amarela que tinha uma porta castanha, janelas com cortinados roxos e telhado vermelho, onde vivia a Sofia, uma criança animada com nove anos, e a sua avó Amélia, uma septuagenária muito simpática.
Embora naquele dia nevasse com intensidade, estava um dia esplendoroso e Sofia ficou deliciada ao ver toda aquela brancura.
- Avó, vou até lá fora fazer um boneco de neve. – disse Sofia.
- Está bem, mas agasalha-te! – gritou a avó da cozinha onde preparava um delicioso chocolate quente.
Depois de terminar a confeção do chocolate quente, Amélia saiu e foi ajudar a neta.
Começaram a dar forma ao boneco fazendo três bolas de neve de tamanhos diferentes: uma grande que suportaria o peso do boneco, uma média que deu forma à gorda barriga e uma pequena que seria a cabeça. Usaram grandes botões negros para marcar os olhos, enfileiraram botões, mais pequenos, para dar um sorriso ao boneco, no nariz aplicaram uma cenoura pontiaguda e nos braços utilizaram finos pauzinhos que iam caindo das árvores com o peso da neve.
O boneco de neve ficou alto e muito engraçado e Sofia desejou que pudesse brincar com ela, pois nunca tinha ninguém com quem se divertir.
- Já que não é possível, vou pôr-te mais quentinho.
Voltaram, por isso, a casa, e Sofia foi buscar um cachecol fofo e castanho que a sua avó tinha feito.
- Bebe este chocolate quente antes de saíres. – sugeriu a avó estendendo-lhe uma caneca fumegante.
- Avó, vou agasalhar o boneco de neve com o teu cachecol. – afirmou Sofia.
- Espera, vou antes buscar um gorro, porque esse cachecol é muito importante para mim pelo seu valor sentimental. Foi a primeira coisa que aprendi a tricotar com a minha mãe, a tua bisavó Matilde. – explicou com uma lágrima no canto do olho.
- Está bem avó. Vou, então, buscar um cachecol dos meus. – disse enquanto se dirigia para o seu quarto.
- Aqui tens o gorro, Sofia.
A menina saiu feliz com as duas peças de lã e a avó sorriu com nostalgia no olhar.
Durante a noite, chegou ao sopé da serra, o circo de uma terra muito distante com um mágico. Joker, era o seu nome e como tinha um olfato muito apurado sentiu o cheirinho delicioso, a chocolate quente no ar, e decidiu segui-lo até à casa amarela.
Passou em frente à janela da casa e viu que as duas estavam a ter um serão muito agradável. Sentadas à mesa faziam enfeites para decorar a árvore de Natal que se encontrava a um canto da sala.
A sala tinha um aspeto muito acolhedor e organizado. A lareira estava acesa, penduradas na parede existiam fotografias da família de várias gerações, havia uma estante repleta de livros e pousadas nas parteleiras viam-se algumas antiguidades que pareciam valiosas, o sofá, onde dormia enroscado um gato, era grande e parecia confortável, o candeeiro tinha uma formato peculiar, por ser idêntico a uma estrela.
Através da vidraça conseguiu perceber uma parte da conversa que ambas tinham, enquanto bebiam o seu chocolate quente e davam formato a mais umas estrelas para colocar na árvore de Natal.
- Avó, e se o boneco que construímos ganhasse vida? – perguntou Sofia entusiasmada.
- Seria bom, uma vez que não tens com quem partilhar as brincadeiras! – comentou a avó Amélia.
- Sabes avó, acho que o meu desejo será difícil de se concretizar! – afirmou Sofia tristonha.
- Nunca se sabe! Estamos no Natal e o Natal é mágico! – disse com ar misterioso a avó.
O Joker ficou satisfeito por elas não terem dado pela sua presença e dirigiu-se até ao boneco de neve para fazer o que Sofia desejou enquanto o construía, começando a cantarolar:
“O Natal está a chegar,
Sofia desejou contigo brincar,
Por isso, vida te vou dar!”
Depois tirou uma flauta do seu chapéu alto e começou a tocar uma bela melodia.
Na manhã seguinte, alguém bate à porta da avó Amélia. A Sofia vai abrir e alguém lhe diz:
- Bom dia, Sofia!
Sofia nem queria acreditar no que via. O seu desejo tinha-se concretizado. Diante de si o boneco que construíra, com a sua avó, tinha vida.
- Tu falas e andas?! – perguntou incrédula.
- Sim e olha também dou cambalhotas. - respondeu feliz, o boneco.
- Mas como é isso possível?! O que aconteceu durante a noite? – quis saber Sofia.
- Veio cá um senhor todo vestido de preto, com um grande chapéu alto. Ele tirou do chapéu uma flauta e tocou uma música mágica. Quanto mais tocava mais pozinhos amarelos saíam por todos os orifícios. Esses pozinhos começaram a rodar e a rodopiar à minha volta envolvendo-me por completo. E o resultado foi este! – explicou apontando para si próprio, esboçando um grande sorriso.
Sofia achou aquilo espetacular. Finalmente tinha alguém com quem brincar.
- Tens que ter um nome. – disse pensativa Sofia.
- Sim, o que tu quiseres. – concordou fazendo mais uma pirueta.
- Serás o Snowman, o meu novo amigo. – afirmou Sofia.
A partir daquele momento tinha um amigo com quem passava bons momentos de diversão.
Sofia estava feliz, a sua avó também e o boneco passou a fazer parte da família.
Só não podia beber chocolate quente!